quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Grito Rock versus Michel Teló




O ano de 2012 começa sendo um ano muito significativo em termos de produções culturais. Em Portugal, as cidades de Braga e de Guimarães foram eleitas, respectivamente, a Capital Europeia da Juventude (CEJ) e a Capital Europeia da Cultura (CEC). O título de Capital Europeia da Cultura é uma iniciativa da União Europeia para promover uma cidade da Europa, fomentando o desenvolvimento cultural e facilitando intercâmbio entre as diversas cidades e países do território europeu. Na mesma direção, a Capital Europeia da Juventude surge como uma ação do Fórum Europeu da Juventude com o intuito de valorizar as políticas e iniciativas voltadas aos jovens.
            Aqui, os termos “juventude” e “cultura” não aparecem por acaso. Demonstram a preocupação em ampliar o espaço de participação dos jovens nas agendas políticas, bem como valorizar e promover variadas formas de expressão em diversas realidades sociais e culturais. Busca-se uma juventude consciente e participativa, capaz de desenvolver alternativas criativas que aprofundem - de maneira coletiva - a conquista e a ampliação dos direitos e que valorizem a pluralidade e as trocas culturais.
            Nos últimos anos, algumas iniciativas vêm cumprindo esse papel potencializador ao serem protagonizadas por jovens que se articulam de maneira colaborativa em prol das múltiplas dimensões culturais e de suas formas de experimentação. Nesse quadro é que se inserem projetos como o Grito Rock.
Depois de uma longa trajetória no Brasil e constituindo-se como o maior festival integrado da América Latina, o Grito Rock comemora seus 10 anos de estrada ampliando ainda mais os caminhos percorridos. Neste ano, o projeto será realizado em 15 países de diferentes continentes, contando com a participação de mais de 200 cidades, e chegando pela primeira vez na Europa com a edição inaugural do Grito Rock Braga. Todas as edições são produzidas de forma interdependentes e com o objetivo de dinamizar a circulação de artistas, agentes, produtores, produtos e tecnologias culturais.
O festival surge como uma inquietação crítica ao carnaval “comercial”, no Brasil, e busca oferecer alternativas para as comemorações de início de ano com a valorização do cenário independente. Assim, a cada ano o projeto foi ganhando força e atingindo uma amplitude cada vez maior, traduzindo o interesse dos artistas, produtores e público pela valorização da pluralidade cultural.
Nesse contexto, realizar o Grito Rock Braga tem sido um grande desafio. Apesar de termos sentido uma abertura e uma receptividade muito grande para novas ideias, estar num outro continente requer o reconhecimento de que lidamos com outra cultura, outras relações pessoais e outras visões de mundo. Ainda que no caso de Portugal tenhamos uma história que nos une, existem as idiossincrasias e as especificidades locais que exigem certas adequações a outras formas de trabalho, de relação com público e de receptividade ao projeto.
Depois de conversar com outros produtores, organizar ideias, debater possibilidades e estabelecer prioridades, construímos a proposta do Grito Rock Braga buscando a maior convergência com os demais Gritos (aderindo a algumas Campanhas que fazem parte do projeto) e fomos em busca de parceiros e de outros tipos apoios. Nosso primeiro parceiro em Braga foi a CEJ que nos deu um grande apoio institucional e agregou bastante valor ao projeto, pois trata-se de um nome de peso que nos abriu muitas portas. Em consequência, novas parcerias foram sendo estabelecidas: Fnac Portugal (exibição do #CineGrito), Casa dos Coimbras (realização o #GritoSarau), Insólito Bar (noite de #GritaPotugal) e Carlsberg.
Como já enfatizado anteriormente, o apoio dos parceiros demonstra que Braga está aberta a novas iniciativas, especialmente àquelas protagonizadas pelos e para os jovens, que estimulem e fortaleçam o cenário cultural da cidade. No entanto, em meio a todo esse processo, eis que surge nosso segundo desafio: dia 25 de fevereiro, última noite do Festival Grito Rock Braga, acontecerá em Guimarães o show do conhecidíssimo Michel Teló.
A princípio ficamos um pouco inseguros por realizar um festival independente na mesma data que o criador do maior hit internacional dos últimos meses se apresentará na cidade vizinha. Agora, nos divertimos com o fato de isso ser uma “batalha” simbólica, onde poderemos mostrar que o Brasil vai muito além das produções comercias massificadas e tem muitos outros projetos interessantes que devem ser valorizados.
É nesse sentido que encaramos o Grito Rock como um projeto a ser vivenciado e estimulado, visto que tem se demostrado capaz de integrar produtores e agentes culturais, valorizar as diversas linguagens artísticas, promover a diversidade cultural e o trabalho autoral, bem como fortalecer o intercâmbio de tecnologias para o desenvolvimento da cena independente.
Assim, esperamos que esse festival consiga atingir o objetivo de estimular o intercâmbio cultural entre a Europa e as Américas. Desejamos que essa seja uma semente plantada para que muitas outras iniciativas floresçam e deem frutos. Os desafios são grandes, os desejos são maiores ainda. Vamos fazer esse grito ecoar!

#GRITAPORTUGAL


Texto escrito por: Taís Capelini

1 comentário:

  1. sucesso pleeeeeeeeeeets!!!adorei o texto e a iniciativa!!!!!!!bota esse mundo pra girar, sua maluuuuuucaaa!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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