domingo, 19 de fevereiro de 2012

Ação Colaborativa e Produção Cultural – Grita Mundo!


A questão da colaboratividade/colaboração tem ganhado notoriedade cada vez maior nos tempos recentes, sendo explorada nos diversos âmbitos sociais, principalmente por ser fator catalisador das potencialidades humanas.

A realidade é que a Tecnologia Social da Colaboração traz ganhos na materialização de ações, potencialização de impactos, multiplicação de resultados, a divisão das responsabilidades/tarefas, entre outras questões. O que ocorre é que as capacidades de intervenção e protagonização humana estão – e isso é constatável na linha histórica – intimamente relacionadas à suas capacidades de articulação coletiva.

A colaboração, por si só, não é algo novo; ela acompanha a humanidade há muitos anos. O que há de novo e também de comum entre os novos processos colaborativos é que através da Tecnologia se tornou possível a produção de ideias e conhecimentos novos, em escala ampliada e em curtos espaços de tempo. A colaboração permite o desenvolver de fluxos aplicáveis e inovadores de conhecimento coletivo e também favorece as capacidades de implantação real e intervenção social através das ações coletivizadas. Estamos aí a falar de redes... de uma “cultura de rede”.

Esse é o contexto (ou uma pequena parte dele) em que acontece o Grito Rock, evento que é hoje o maior festival integrado de cultura e música independente da America Latina. Integrado porque acontece simultaneamente em centenas de cidades e diferentes países através de uma rede de agentes culturais espalhados e em colaboração que produzem o(s) evento(s) com o objetivo de fomentar e dar força aos cenários culturais locais independentes.

A partir de projetos como o Grito Rock, que são baseados nessa lógica de rede colaborativa, a Produção Cultural ganha em amplitude e resultados e o cenário cultural local se dinamiza e cresce, assim como o campo de atuação para indivíduos criativos. Esse despontar da Cultura (que é tema transversal) aumenta exponencialmente o fluxo de ativos criativos, que por sua vez dinamizam a Economia Criativa e demais setores econômicos.

Acho que o mais interessante de se enfatizar é que essa dinâmica de atuação parte e depende de indivíduos que possuem interesses e valores comuns. Esses objetivos e valores comuns podem ser mais rapidamente e eficientemente materializados através da noção de rede. Através do fluxo de conhecimento existente na rede de produção/ação cultural, artistas e afins se tornam produtores culturais e sujeitos ativos no desenvolvimento dos cenários locais.

Quando adentra essa lógica de produção cultural colaborativa, um artista ou entusiasta do tema se conecta a outros, acessa conhecimentos, se descobre e se torna um realizador, pois “se integra, vê que tem potencial, que tem uma equipe pronta pra ajudá-lo, dar suporte, vê que a cidade recebe bem, que as bandas se interessam, a imprensa destaca, o poder público apoia e, a partir disso, ele enxerga que pode trabalhar com arte independente, fomentando localmente.” (Felipe Altenfender, produtor do Grito Rock no Brasil - entrevista na íntegra).

O Grito Rock Braga é um evento cultural produzido colaborativamente com objetivo de estimular o cenário autoral, integrando produtores e possibilitando a circulação artistas, agentes culturais e conhecimentos/tecnologias. A expectativa é de que seja apenas o princípio de um movimento muito maior de fomento ao cenário cultural e artístico independente. 

Aos que estão prestes a participar do primeiro Grito Rock europeu e aos demais interessados no tema, deixo a dica para que conheçam o trabalho realizado pelo Fora do Eixo e procurem formas de se envolver com a produção cultural local. Vivemos um momento global em que todas as ferramentas e tecnologias estão disponíveis e são compartilhadas, é a hora de fazer acontecer!

Escrito por: João Vitor Caires


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