A questão da colaboratividade/colaboração tem
ganhado notoriedade cada vez maior nos tempos recentes, sendo explorada nos
diversos âmbitos sociais, principalmente por ser fator catalisador das
potencialidades humanas.
A realidade é que a Tecnologia Social da
Colaboração traz ganhos na materialização de ações, potencialização de
impactos, multiplicação de resultados, a divisão das responsabilidades/tarefas,
entre outras questões. O que ocorre é que as capacidades de intervenção e
protagonização humana estão – e isso é constatável na linha histórica –
intimamente relacionadas à suas capacidades de articulação coletiva.
A colaboração, por si só, não é algo novo;
ela acompanha a humanidade há muitos anos. O que há de novo e também de comum
entre os novos processos colaborativos é que através da Tecnologia se tornou
possível a produção de ideias e conhecimentos novos, em escala ampliada e em
curtos espaços de tempo. A colaboração permite o desenvolver de fluxos
aplicáveis e inovadores de conhecimento coletivo e também favorece as
capacidades de implantação real e intervenção social através das ações
coletivizadas. Estamos aí a falar de redes... de uma “cultura de rede”.
Esse é o contexto (ou uma pequena parte dele)
em que acontece o Grito Rock, evento que é hoje o maior festival integrado de
cultura e música independente da America Latina. Integrado porque acontece
simultaneamente em centenas de cidades e diferentes países através de uma rede de
agentes culturais espalhados e em colaboração que produzem o(s) evento(s) com o
objetivo de fomentar e dar força aos cenários culturais locais independentes.
A partir de projetos como o Grito Rock, que
são baseados nessa lógica de rede colaborativa, a Produção Cultural ganha em
amplitude e resultados e o cenário cultural local se dinamiza e cresce, assim
como o campo de atuação para indivíduos criativos. Esse despontar da Cultura
(que é tema transversal) aumenta exponencialmente o fluxo de ativos criativos,
que por sua vez dinamizam a Economia Criativa e demais setores econômicos.
Acho
que o mais interessante de se enfatizar é que essa dinâmica de atuação parte e
depende de indivíduos que possuem interesses e valores comuns. Esses objetivos
e valores comuns podem ser mais rapidamente e eficientemente materializados
através da noção de rede. Através do fluxo de conhecimento existente na rede de
produção/ação cultural, artistas e afins se tornam produtores culturais e
sujeitos ativos no desenvolvimento dos cenários locais.
Quando
adentra essa lógica de produção cultural colaborativa, um artista ou entusiasta do tema se conecta a outros,
acessa conhecimentos, se descobre e se torna um realizador, pois “se integra, vê que tem potencial, que tem uma equipe
pronta pra ajudá-lo, dar suporte, vê que a cidade recebe bem, que as bandas se
interessam, a imprensa destaca, o poder público apoia e, a partir disso, ele
enxerga que pode trabalhar com arte independente, fomentando localmente.”
(Felipe Altenfender, produtor do Grito Rock no Brasil - entrevista na íntegra).
O Grito Rock Braga é
um evento cultural produzido colaborativamente com objetivo de estimular o cenário autoral, integrando produtores e possibilitando a circulação artistas, agentes culturais e conhecimentos/tecnologias. A expectativa é de que seja apenas o
princípio de um movimento muito maior de fomento ao cenário cultural e
artístico independente.
Aos que estão prestes
a participar do primeiro Grito Rock europeu e aos demais interessados no tema, deixo
a dica para que conheçam o trabalho realizado pelo Fora do Eixo e procurem formas de se envolver com a
produção cultural local. Vivemos um momento global em que todas as ferramentas
e tecnologias estão disponíveis e são compartilhadas, é a hora de fazer
acontecer!
Sem comentários:
Enviar um comentário